quinta-feira, 26 de julho de 2012

Profeta do Gerenciamento

GRAHAN, Pauline. Mary Parker Follett: profeta do gerenciamento. ed. ND-Qualitymark.

Para Mary Follett o indivíduo não é parte do todo, nem uma peça na máquina, nem tampouco um órgão dentro de um organismo; é de um ponto de vista do Todo, ele mesmo.
Grupo significa associação sob a lei da interpenetração. A organização moderna precisa, acima de tudo, de pessoas capazes de se unir, não das que se unam sem atritos, mas que possam fazer uso de sua união. O indivíduo de negócios bem sucedido de hoje é aquele de inteligência cooperativa treinada. Ela afirma que o mundo deposita um grande valor no indivíduo que é capaz de participar de uma reflexão coletiva e de ações unificadas, havendo posições mais altas oferecidas a ele na empresa e no campo político.  Todas as instituições estão latentes e, necessariamente, devem ser adaptadas a essa natureza. O ser humano, não as coisas, deve ser o ponto de partida para o futuro.

Follett trata dos seguintes assuntos: Como liderar conflitos? É possível prever conflitos? O que são conflitos construtivos? Foi a primeira estudiosa a introduzir o conceito de circularidade na interação dos seres humanos. E o que é a resposta circular? Ela afirma que as relações entre as pessoas estão em constante modificação, que o simples contato entre duas pessoas que se relacionam já altera a forma como cada uma vê uma questão. Ela propõe que há influências recíprocas e que cada nova percepção ao ser recebida irá alterar a forma como pensa, num ciclo contínuo. Afirma que existem três soluções possíveis para um conflito, seja ele percebido a priori – que é o chamado conflito construtivo – ou a posteriori – que é o conflito danoso. As divergências são importantes porque revelam uma diferença de opinião que cedo ou tarde se manifestará, de forma danosa ou não.

Quais são as três soluções? A primeira solução seria a DOMINAÇÃO onde somente um dos lados terá suas exigências atendidas, e assim, o conflito será sufocado. A segunda solução diz que os dois lados cederão e um meio-termo será adotado como solução. A CONCILIAÇÃO é uma alternativa nociva já que nenhum dos lados tem suas reivindicações plenamente percebidas atendidas. A terceira solução é a solução ideal proposta por ela, que é a INTEGRAÇÃO, que parte do pressuposto que o conflito existe porque demandas não são atendidas, e essas demandas não devem ser suprimidas, e sim supridas.

Follett diz que as potencialidades do indivíduo permanecem latentes até que elas sejam liberadas pela vida em grupo. Construir um grupo, saber criar e coordenar equipes interdisciplinares são hoje pontos fundamentais para o sucesso de um projeto, por este motivo, indivíduos e gestores precisam compreender o poder das vizinhanças, o poder do networking, o poder dos grupos de relacionamento e a força da adequada resolução de conflitos.

sábado, 30 de junho de 2012

Currículo dos Urubus

O CURRÍCULO DOS URUBUS
Rubem Alves

“O Rei Leão, nobre cavalheiro, resolveu certa vez que nenhum dos seus súbditos haveria de morrer na ignorância. Que bem maior que a educação poderia existir? Convocou o urubu, impecavelmente trajado em sua beca doutoral, companheiro de preferências e de churrascos, para assumir a responsabilidade de organizar e redigir a cruzada do saber. Que os bichos precisavam de educação, não havia dúvidas. O problema primeiro era o que ensinar.
Questão de currículos: estabelecer as coisas sobre as quais os mestres iriam falar e os discípulos iriam aprender. Parece que havia acordo entre os participantes do grupo de trabalho, todos urubus, é claro: os pensamentos dos urubus eram os mais verdadeiros; o andar dos urubus era o mais elegante; as preferências de nariz e de língua dos urubus eram as mais adequadas para uma saúde perfeita; a cor dos urubus era a mais tranquilizante; o canto dos urubus era o mais bonito. Em suma: o que é bom para os urubus é bom para o resto dos bichos.
E assim se organizaram os currículos, com todo o rigor e precisão que as ultimas conquistas da didáctica e da psicologia da aprendizagem podiam merecer. Elaboraram-se sistemas sofisticados de avaliação para teste de aprendizagem. Os futuros mestres foram informados da importância do diálogo para que o ensino fosse mais eficaz e chegavam mesmo, uma vez por outra, a citar Martin Buber. Isto tudo sem falar na parafernália tecnológica que se importou do exterior: máquinas sofisticadas, que podiam repetir as aulas à vontade para os mais burrinhos, e fascinantes circuitos de televisão.
Ah! Que beleza! Tudo aquilo dava uma deliciosa impressão de progresso e eficiência e os repórteres não se cansavam de fotografar as luzinhas piscantes das máquinas que haveriam de produzir saber, como uma linha de montagem produz um automóvel. Questão de organização, questão de técnica. Não poderia haver falhas. Começaram as aulas, de clareza mediana. Todo o mundo entendia. Só que o corpo rejeitava….
E assim as coisas se desenrolaram, de fracasso em fracasso, a despeito dos métodos cada vez mais científicos e das estatísticas que subiam. E todos comentavam, sem entender: A educação vai muito mal…
Disponível em http://blogdaformacao.wordpress.com/2007/02/22/a-educacao-vai-muito-mal-2/

domingo, 3 de junho de 2012


Estruturas Da Mente: A Teoria Das Inteligências Múltiplas
Howard Gardner

Resumo:

Questionando as teorias cognitivas atuais, Howard Gardner apresenta sua teoria das inteligências múltiplas. Parte do pressuposto da existência de pelo menos sete tipos de inteligências, a saber: A inteligência lingüística, a musical, a lógico-matemática, a espacial, a corporal-cinestésica e as pessoais (intrapessoal e interpessoal).
Juntando elementos teóricos da neurologia e da psicologia cognitiva, Gardner critica a presunção dos testes de QI (Quociente de Inteligência) na medição da inteligência, tendo em vista que os testes são restritos em sua abrangência, focando somente o conhecimento lingüístico e lógico-matemático e com formato baseado em uma cultura ocidental, não respeitando as demais.
O autor compara a utilização e valoração destas inteligências nas mais diversas culturas, traça uma relação de cada inteligência com áreas específicas do cérebro, exemplifica como a cultura impacta no desenvolvimento de cada inteligência no indivíduo e, por fim, ainda tece comentários sobre a criação e implementação de um projeto pedagógico baseado neste conceito de inteligências múltiplas.
Transcorrendo pela história da educação, entre outras coisas, o autor destaca a ênfase dada a algumas inteligências. Como na educação medieval e na corânica (ensino islâmico baseado no Corão) a evidência é para as habilidades lingüísticas e para inteligências pessoais sobre tudo a interpessoal tendo em vista que o foco é a memorização de textos "sagrados" e a explanação dos mesmos. Principalmente com o rompimento da igreja com o Estado, vê-se uma proeminência de estudos da inteligência lógico-matemática, e a intrapessoal (pessoais), principalmente nos países ocidentais.
Mesmo a Grécia, que tanto primava pelo desenvolvimento intelectual conjuntamente com o físico ou corporal-cenestésico, este último, unido a inteligência espacial, tem sido mais explorado por culturas não ocidentais. O que é importante ressaltar é que a teoria das inteligências múltiplas deu um grande avanço no pensamento restrito e até preconceituoso que havia até o momento no quesito inteligência humana. Existem vários tipos de inteligências que, além de variarem de cultura para cultura de cada indivíduo, tem sua particularidade, e há inteligências mais desenvolvidas do que outras. Podemos e devemos desenvolver cada uma delas e principalmente focar naquela que nos proporciona maior prazer e onde temos aptidão para que sejamos bem sucedidos.

Fonte: http://resumos.netsaber.com.br/ver_resumo_c_46666.html

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Mudar a Forma de Ensinar e de Aprender com Tecnologias

José Manuel Moran
Apresentação:

Educar é colaborar para que professores e alunos nas escolas e organizações - transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho e tornar-se cidadãos realizados e produtivos.

Educamos de verdade quando aprendemos com cada coisa, pessoa ou idéia que vemos, ouvimos, sentimos, tocamos, experienciamos, lemos, compartilhamos e sonhamos; quando aprendemos em todos os espaços em que vivemos na família, na escola, no trabalho, no lazer, etc. Educamos aprendendo a integrar em novas sínteses o real e o imaginário; o presente e o passado olhando para o futuro; ciência, arte e técnica; razão e emoção.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

As Tecnologias da Informação e Comunicação e a Educação

Elisa Maria Quartiero
Resumo:

A discussão sobre a utilização das tecnologias da informação e comunicação no espaço educacional deve centralizar seu foco na questão pedagógica. Antes de definirmos qual o melhor equipamento ou software a ser utilizado, devemos nos perguntar: o que efetivamente essas tecnologias, corporificadas principalmente no computador, trazem de avanço qualitativamente superior para o processo de ensino-aprendizagem? É necessário analisar o comportamento do emissor face à transmissão de conteúdos e os níveis de intervenção do educando na recepção, produção e circulação do conhecimento  para termos uma idéia real do alcance dessas tecnologias no espaço educativo.

Leia mais em http://www.lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/rbie/4/1/006.pdf

terça-feira, 15 de maio de 2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Despertando inteligências ...


Gaiolas e asas – Rubem Alves

Os pensamentos chegam-me de um modo inesperado, sob a forma de aforismos. Fico feliz porque sei que, frequentemente, também Lichtenberg, William Blake e Nietzsche eram atacados por eles. Digo atacados porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio. Os aforismos são visões: fazem ver, sem explicar. Pois ontem, de repente, este aforismo atacou-me: Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controlo. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados têm sempre um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

Esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri, conversando com professores em escolas. O que eles contam são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças… E eles, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que sejam feitas, como dar o programa, fazer avaliações… Ouvindo os seus relatos, vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra – e os domadores com os seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres.

Sentir alegria ao sair de casa para ir à escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que os fecha com os tigres. Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os adolescentes? Ou serão as escolas que são violentas?

As escolas serão gaiolas? Vão falar-me da necessidade das escolas dizendo que os adolescentes precisam de ser educados para melhorarem de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes, que todos tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor. Mas eu pergunto: as nossas escolas estão a dar uma boa educação? O que é uma boa educação? O que os burocratas pressupõem sem pensar é que os alunos ficam com uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E, para testar a qualidade da educação, criam mecanismos, provas e avaliações, acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.

Mas será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o ideal de uma boa educação? Sabe o que é um “dígrafo”? E conhece os usos da partícula “se”? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante”? Qual é a utilidade da palavra “mesóclise”? Pobres professores, também engaiolados… São obrigados a ensinar o que os programas mandam, sabendo que é inútil. Isso é um hábito velho das escolas. Bruno Bettelheim relata a sua experiência com as escolas: Fui forçado (!) a estudar o que os professores decidiam que eu deveria aprender. E aprender à sua maneira.

O sujeito da educação é o corpo, porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche dizia que a inteligência era a ferramenta e o brinquedo do corpo, Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender ferramentas, aprender brinquedos. Asferramentas são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia-a-dia. Os brinquedos são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma.

Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, estão o resumo da educação. Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. As ferramentas permitem-me voar pelos caminhos do mundo. Os brinquedos permitem-me voar pelos caminhos da alma. Quem está a aprender ferramentas e brinquedos está a aprender liberdade, não fica violento. Fica alegre, ao ver as asas crescer… Assim todo o professor, ao ensinar, deveria perguntar-se: Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo? Se não for, é melhor pôr de parte. As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se as escolas são gaiolas ou asas.
Mas eu sei que há professores que amam o voo dos seus alunos.
Há esperança…